Em regra, a depreciação é calculada a partir do valor de um bem em estado de novo, sobre o qual se aplica o fator de desvalorização; todavia, essa regra não é absoluta. É possível comparar duas máquinas ou equipamentos usados com a finalidade de calcular a depreciação relativa entre esses dois bens. Desse modo, conhecendo-se o valor conhecido, aqui denominado de valor referência, é possível estimar o valor do bem avaliando.
Caso os dois bens possuam atributos idênticos, mas que tenham sido submetidos a regime de trabalho diverso, é possível calcular a depreciação de um em relação ao outro.
Portanto, se conhecermos o valor de um bem no mercado que tenha sido submetido a um regime de trabalho normal, é possível estimar o valor de outro bem que tenha sido submetido a um regime de trabalho pesado.
Os fatores de depreciação variáveis em função do regime de trabalho (ou de práticas de manutenção) são calculados como auxílio do método Caires. As planilhas desse método estão disponíveis nesta página.
Consideremos dois bens com os seguintes atributos (idade, vida útil, regime de trabalho e manutenção):
Portanto, o fator de depreciação relativo entre esses dois bens é:
No presente exemplo, se o bem de referência tem um valor de mercado igual a R$45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), o valor do bem avaliando é R$45.000,00 * 0,6369, ou seja, R$28.660,50.
Como se vê, a mudança do regime de trabalho normal para o regime de trabalho pesado causa uma desvalorização mais acentuada no bem avaliando.
Esse método de cálculo pode ser utilizado para se fazer uma estimativa de valor de forma objetiva, partindo-se dos valores que são apresentados na tabela FIPE. Caso o avaliador entenda que o bem avaliando não foi submetido a condições normais de regime de trabalho e/ou práticas de manutenção, é possível fazer o ajuste entre os dois bens (o de referência e o avaliando). Um exemplo prático é avaliação de um veículo com alta quilometragem (táxis; veículos de aplicativo; veículos de aluguel; automóveis, ônibus e caminhões de frota; embarcações; aeronaves; instalações).
Os cálculos acima admitem, ainda, que seja inserido na equação o ajuste de depreciação inicial.
O gráfico que demonstra visualmente o raciocínio acima é o seguinte:
Na página do GeoGebra foi disponibilizado um gráfico que demonstra a dinâmica dos cálculos e a variação dos fatores de depreciação.
O endereço da página no GeoGebra é https://www.geogebra.org/u/sjoliveiraojaf
Conforme se constata acima, a depreciação relativa pode ser interpretada como sendo uma homogeneização entre o item da amostra e o bem avaliando a partir do fator de depreciação.
A planilha construída para os cálculos está disponível nesta seção.
Fontes:
CAIRES, Hélio Roberto Ribeiro. Novos tratamentos matemáticos em temas de engenharia de avaliações. São Paulo: Pini, 1977.
GATTO, Osório Accioly. Avaliação de máquinas e equipamentos. In: Engenharia de avaliações v. 2. 2. ed. São Paulo: Pini, 2014.